A tecnologia já existia bem antes da covid-19 – mas, com seu uso maciço entre 2020 e 2021, estabeleceu-se em definitivo enquanto prática médica no Brasil
A telemedicina pós-pandemia veio para ficar – e sim, nela pode-se atingir um grau muito bom, às vezes ótimo, de qualidade no atendimento ao paciente.
Ela, a telemedicina, já era uma forte tendência e pleito dos profissionais antes da covid-19; agora, quando a evolução da tecnologia que a permite existir se acelerou tremendamente em função do isolamento social imposto pela pandemia, não há mais como falar do futuro da prática médica sem incluir no debate a telemedicina.
Impedidas de frequentarem consultórios e clínicas médicas presencialmente durante longos períodos dos anos de 2020 e 2021, as pessoas se acostumaram à telemedicina. A adesão em massa a ela não deve arrefecer – mesmo com a pandemia, ao que parece, estar caminhando para o seu fim.
De acordo com informações apuradas e divulgadas pela associação Saúde Digital Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital), a telemedicina foi responsável por mais de 7,5 milhões de atendimentos em 2020 e 2021, feitos por mais de 52,2 mil médicos.
Desses 7,5 milhões de teleatendimentos, 87% representaram chamadas de primeiras consultas que, na visão da associação, auxiliaram, e muito, a evitar idas desnecessárias a equipamentos de saúde (consultórios e clínicas, principalmente).
Ainda segundo o levantamento da Saúde Digital Brasil, o índice de resolutividade dos teleatendimentos na área médica foi excelente: 91%.
E mais: entre estes teleatendimentos médicos efetuados neste período, 1% foram essenciais para a salvação de vidas de pacientes.
Telemedicina pós-pandemia: um futuro promissor
Somente no Brasil, verificou-se um impressionante aumento de mais de 800% no uso da telemedicina durante os seis primeiros dias da pandemia, de acordo com um levantamento efetuado pela revista cientifica Plos One.
Gestores do setor de saúde e médicos que estudam e trabalham com a telemedicina estimam que o mercado para a mesma, em razão da pandemia de covid-19, avançou algo em torno de 2 a 5 anos a mais do que se esperava que avançasse no biênio 2020/2021.
De fato, inclusive o marco jurídico do setor acabou por ser rapidamente alterado diante das demandas geradas em função da chegada ao Brasil do novo coronavírus, no primeiro triênio do ano passado.
Até o mês de fevereiro de 2020 a telemedicina ainda não era usada em seu sentido mais amplo no Brasil. A Resolução nº 2.227/2018 do CFM (Conselho Federal de Medicina) definia então seus parâmetros.
Após o grande número de propostas encaminhadas por médicos de todo o país visando a alteração dos seus termos, em 2020 ela foi revogada e deu lugar à Resolução nº 2.228, bem mais liberal no que tange ao emprego da telemedicina. É a norma a respeito que permanece até hoje.
Um novo tempo, para um novo instrumento
A telemedicina pós-pandemia traz grandes vantagens, tanto para os médicos quanto para os pacientes.
Para os profissionais da saúde, a telemedicina resolve, total ou parcialmente:
- A ausência de tempo para estudo e qualificação por parte do médico, gerada pelas longas e extenuantes jornadas de trabalho;
- A sobrecarga nos serviços de clínicas, consultórios e demais instalações de saúde;
- As eventuais más condições de infraestrutura de alguns estabelecimentos;
- A necessidade de que se diminua a quantidade de atendimentos no ambiente físico.
Para os pacientes, a telemedicina é benéfica pois:
- Os teleatendimentos trazem muito mais praticidade, visto que não há necessidade de avaliação física presencial;
- A telemedicina lhes passa uma sensação de tranquilidade e segurança;
- A telemedicina é, na visão dos pacientes, bastante eficaz – e eles asseguram que recorreriam (e recorrerão) a ela novamente;
- Os encontros presenciais, muitas vezes custosos aos pacientes, não são necessários em grande parte dos casos com a telemedicina;
- As facilidades também são observadas pelos clientes com a possibilidade de teleconsultas realizadas online, ou mesmo via telefone.
O brilhante horizonte que se desenha para a telemedicina pós-pandemia está apenas começando a despontar, e os anos que estão por vir certamente irão concretizar isto.